Cuidados em saúde mental no ambiente de trabalho
Desconectar a mente
Diferentes fatores contribuem para que as pessoas permaneçam mais tempo “ligadas” ao trabalho. Novas tecnologias, a grande competição no mercado de trabalho, a necessidade de se produzir mais e mais rápido e o aumento da modalidade de trabalho em casa, o home office, são algumas questões que tornam difícil desconectar a mente.
Para os especialistas, essa rotina pode acelerar um desgaste físico e emocional. “O termo Burnout foi criado há bastante tempo, tem mais ou menos 50 anos. E ele serve para designar um conjunto de sintomas, de alterações que as pessoas sentem quando estão expostas a um estresse prolongado no trabalho, que elas não conseguem lidar de uma maneira positiva”, explica Eduardo de Castro Humes, coordenador do Ambulatório da Divisão de Psiquiatria e Psicologia do Hospital das Clínicas de São Paulo.
A psiquiatra Alexandrina Maria Meleiro, da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, afirma que o Brasil se tornou um terreno fértil para o desenvolvimento da síndrome de Burnout.
“O Brasil é o primeiro país no mundo no índice de ansiedade – 9,3% dos brasileiros têm ansiedade. E é o quinto no mundo de depressão, só perdendo na América para os Estados Unidos. Então, nós temos uma incidência muito alta, uma prevalência de depressão e ansiedade e claro que isso atinge o trabalhador. Em média, 30% são afastados e é um dos motivos de mais incapacidade para o trabalhador”, afirma Alexandrina.
No episódio, o cardiologista Roberto Kalil conversa com Catarina Dahl, consultora de saúde mental, álcool e outras drogas da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da OMS, sobre a inclusão da síndrome na lista das doenças ocupacionais reconhecidas pela OMS.
Os indivíduos diagnosticados passam a ter as mesmas garantias trabalhistas e previdenciárias previstas para as demais doenças do trabalho. Catarina destaca como algumas profissões ficaram mais propensas a ter trabalhadores acometidos pela síndrome durante a pandemia de Covid-19.
“Tem uma série de profissões que são, digamos assim, mais comuns de se observar esse tipo de fenômeno. Trabalhadores da área da saúde, submetidos a situações de extremo estresse, tendo que lidar com perdas muito significativas, com o medo de contaminação, com incerteza às vezes com condições de trabalho que não são favoráveis”, pontua.
FONTE: https://www.cnnbrasil.com.br/